Quem eram os fariseus? Por que Jesus os censurou?

Entenda nessa postagem quem eram os fariseus – citados na canção da Aymee – e o que o termo significa hoje em dia

Ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas! Pois que dais o dízimo da hortelã, do endro e do cominho e desprezais o mais importante da lei, o juízo, a misericórdia e a fé; deveis, porém, fazer essas coisas e não omitir aquelas.

Mateus 23.23

Recentemente, o termo fariseu ganhou a Internet com a repercussão da canção da Aymee. Em um show de talentos, a moça trouxe essa canção autoral que denuncia escândalos, revela a inércia do estado com a população marajoara e, principalmente, faz uma crítica fortíssima à igreja brasileira – ou pelo menos boa parte dela.

Mas você sabe quem eram os fariseus? E que atitudes faziam deles alvo de constante reprovação por parte de Jesus? A partir de agora, você começará a entender esse complexo ambiente em que Jesus veio ao mundo e porque esse termo fariseu carrega esse sentido negativo.

O próprio título da canção, “Evangelho de Fariseus”, já reflete o seu forte tom crítico. Mas o que quer dizer, afinal, esse termo “fariseu”? E o que os fazia ser motivo de tanta rejeição?

Os grupos e partidos no tempo de Jesus

Se você lê a Bíblia com frequência, em especial os ensinos de Jesus, sabe que os fariseus eram o alvo preferencial de sua repreensão. E é claro que a repreensão de Jesus não era por acaso.

Jesus amava e ama a todos, mas isso não o impedia de dizer grandes verdades, que muitas vezes vão soar incômodas aos ouvintes. Afinal, o evangelho envolve mudança de vida e de atitude. 

Na verdade, o amor de Deus nos alcança da forma como somos – mas ele é tão grande que não nos deixa continuar como estamos. Esse amor nos transforma e nos faz viver uma nova vida.

No tempo de Jesus, existia um contexto de grande agitação social e vários grupos disputavam o controle político, social e religioso.

A Judéia, Samaria e a Galiléia (bem como boa parte do mundo) eram governadas pelo Império Romano. Os romanos eram politeístas, ou seja, acreditavam em vários deuses.

Embora governassem com braço de ferro e cobrando pesados impostos, os romanos davam uma certa liberdade em determinados aspectos. Eles não viam problema com a religião judaica, que adorava apenas a um Deus, o Deus verdadeiro. Eles não se metiam no complexo sistema religioso judeu.

Sim, era um sistema religioso bastante complexo. Existiam vários grupos étnicos, sociais, políticos e religiosos. Na verdade, a identidade de cada um desses grupos envolvia todas essas questões e cada um possuía a sua visão particular da Lei e do mundo como um todo.

Portanto, dentro do judaísmo, existiam várias correntes (como em qualquer outro sistema religioso ou teológico). Os principais grupos dentro da doutrina judaica eram:

  • Fariseus
  • Saduceus
  • Escribas
  • Essênios 
  • Sacerdotes

Mas, para o post não ficar tão longo, focaremos na questão dos fariseus e dos escribas, que são o grupo mais criticado por Jesus. Veremos quem eles eram e, de forma mais profunda, quem seriam os fariseus de hoje. 

Quem eram os fariseus na Bíblia?

A palavra fariseu vem de uma palavra hebraica que quer dizer separado. E isso era exatamente o que eles se propunham a ser. Eram a elite da religião judaica e se diziam grandes cumpridores da lei de Moisés (a Torá).

Por serem judeus “sangue puro”, tinham bastante preconceito – em geral – com samaritanos e galileus. Enfim, eram um grupo seleto e respeitado.

Eles foram, sem dúvida, a principal oposição ao ministério de Jesus. Não poderiam coletaram que um Mestre galileu pudesse ensinar o povo e ter tantos seguidores.

Quem eram os escribas na Bíblia?

Os escribas eram os famosos “doutores da lei”. Eram os estudiosos das Escrituras. Eles não apenas copiavam, mas também interpretavam a Lei.

Aí está o problema: eles se achavam os donos da interpretação da Lei, não aceitavam qualquer tipo de entendimento diferente do seu. Na verdade, além de interpretarem o que estava escrito, eles também criavam seus próprios costumes e tradições. E obrigavam, de certa forma, toda comunidade a seguir esses preceitos.

Eram muito aliados aos escribas (e é provável que muitos escribas também fossem fariseus). Orgulhavam-se de seu conhecimento e de sua posição e também foram grande perseguidores do ministério de Cristo, pois não podiam aceitar que ninguém fosse mais sábio que eles.

Por que Jesus censurou os escribas e fariseus

Eram hipócritas e viviam apenas de aparência 

Jesus condenou veementemente as atitudes hipócritas dos fariseus e dos escribas. Uma pessoa hipócrita é alguém dissimulado, que finge ter certas virtudes ou qualidades e que na verdade não demonstra ter.

Por isso, Jesus os compara a sepulcros caiados e a raça de víboras (que são belos por fora, mas terríveis por dentro). 

A verdadeira preocupação de Jesus nunca foi com a aparência exterior ou posição. Muito pelo contrário, Ele estava muito mais preocupado com um coração sincero e arrependido. 

Jesus fala claramente que prefere pecadores e cobradores de impostos (a classe mais desprezada da época) arrependidos do que religiosos dissimulados.

Estavam mais preocupados em impressionar as pessoas do que agradar a Deus 

“Praticam, porém, todas as suas obras com o fim de serem vistos dos homens…. Amam o primeiro lugar nos banquetes e as primeiras cadeiras nas sinagogas, as saudações nas praças e o serem chamados mestres pelos homens” (Mt 23.5-7).

Jesus desmascara os escribas e fariseus demonstrado que eles não estavam preocupados em seguir a Lei e agradar a Deus, mas sim em serem vistos pelas pessoas.

Jesus, ao contrário, recomenda que seus seguidores façam suas boas ações em secreto (sermão do Monte) e esperem a recompensa do Pai, que vê em oculto.

Nossa preocupação precisa ser fazer a vontade de Deus em todos os momentos, inclusive quando ninguém está vendo. Não devemos fazer alarde das coisas boas que fazemos, mas sim esperar a recompensa dos Céus.

Eram arrogantes e presunçosos

Tanto os escribas quanto os fariseus eram extremamente orgulhosos de se assentarem na cadeira de Moisés e serem intérpretes e cumpridores da Lei.

Além disso, eles julgavam e excluíam as pessoas que não consideravam dignas. Dessa forma, eles tiravam mais as pessoas do caminho do céu do que traziam a ele.

Jesus não gosta de orgulho e arrogância. Ele nos convida a sermos mansos e humildes de coração. A Bíblia nos convida a consideramos os outros melhores do que nós mesmos, nunca a nos sentirmos superiores a ninguém.

Eram falsos mestres

Embora fossem profundamente entendidos na Lei, eram falsos mestres, pois ensinavam aquilo que não praticavam.

Ainda pior do que fazer algo de forma errada é ensinar a alguém de forma errônea. O seu mau exemplo levava as pessoas à perdição.

Jesus tinha autoridade porque ensinava aquilo que vivia e vivia o que ensinava. Afinal, Ele é a própria Palavra de Deus. 

A melhor forma que temos de levar o Evangelho e mostrarmos a grandeza de Deus ao mundo é vivendo uma vida reta diante de Deus. Precisamos praticar aquilo que ensinamos até porque as pessoas conseguem perceber quando não estamos fazendo isso e não levarão a sério nosso ensino.

Eram extremamente egoístas e aproveitadores

Uma outra característica dos falsos mestres denunciada por Jesus é que eles são preocupados apenas consigo mesmos.

Os escribas e fariseus adoravam seus privilégios mais do que as coisas de Deus. Eles usavam da fé em benefício próprio. 

Jesus nos ensina que devemos amar mais as coisas do céu do que as coisas da terra. E que, na verdade, o Evangelho se trata de perder para ganhar. Devemos deixar de lado privilégios e bens terrenos para conquistar as coisas celestiais.

E quem são os fariseus de hoje?

Os fariseus e escribas foram a grande oposição ao ministério de Jesus, e foram os grandes responsáveis, junto com os sacerdotes e o sinédrio, por levá-lo a ser crucificado.

Mas engana-se quem pensa que os fariseus eram apenas um partido dentro do judaísmo daquela época.

Infelizmente, o espírito do farisaísmo continua bem vivo em nossos dias. Os fariseus de hoje não possuem mais os rolos da Lei e vestimentas estranhas, mas continuam agindo da mesma forma.

Quantas e quantas pessoas conhecemos que vivem uma vida aparências? Quantos líderes cegos tentando guiar o povo? Quantas pessoas que se dizem cristãs, mas só se importam consigo mesmas?

Esses são os fariseus modernos. Pessoas autossuficientes, que não se importam com mais nada além de privilégios e popularidade.

É interessante que, durante o ministério de Jesus, os fariseus se levantaram conntra o Evangelho. Hoje, porém, os fariseus se utilizam do evangelho para buscar o seu próprio proveito. Criaram um “Evangelho de Fariseus”, como citado na música da Aymee. Mas o verdadeiro Evangelho nada tem a ver com status, fama, poder humano e benefício pessoal.

Que Deus nos ajude a não nos tornarmos os fariseus deste tempo. Que possamos ser, verdadeiramente, o sal da terra e a luz do mundo. As pessoas esperam de nós a verdade e a sinceridade do Evangelho. Que possamos impactar essa geração com o poder do exemplo, e não apenas com palavras poderosas.

Um forte abraço e que Deus abençoe a sua vida!


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