Mateus 5 – O Sermão da Montanha

Não sabemos ao certo onde Jesus pregou o Sermão da Montanha, mas o local mais aceito pela tradição é o Monte das Beatitudes (que é a mesma coisa de Bem-Aventuranças), monte que fica ao pé do Mar da Galileia. Faz todo o sentido, já que Jesus inicia seu ministério na Galileia e grande parte dele se dá às margens dele.

Na verdade, a expressão Mar da Galileia é uma força de expressão, pois na verdade ele é um grande lago de água doce. Este vídeo do Canal Israel com Aline nos mostra mais detalhes sobre esse provável local e como ele está hoje.

Independentemente do local de seu acontecimento, uma coisa é certa sobre o Sermão da Montanha (também conhecido como Sermão do Monte): Ele foi o maior sermão de toda a história da humanidade. Digo mais, ele foi um ponto de mudança na história do mundo e uma nova etapa no ministério de Cristo.

E porque ele é tão importante? Porque Jesus mostra ali quem Ele é e o que Ele veio fazer. Jesus apresenta Suas Credenciais. Mais do que isso, Ele também mostra as credenciais dos súditos desse Reino celestial! 

Passagem Bíblica do Sermão da Montanha

O Sermão da Montanha é citado por dois evangelistas: Lucas e Mateus. A grande diferença é que Mateus dá bem mais ênfase, por causa do seu propósito de escrever para os judeus. Ele traz uma versão mais completa do Sermão da Montanha, ocupando dois capítulos inteiros (Mateus 5-7).

Já Lucas apresenta uma versão resumida, focada nas Bem-Aventuranças (Lucas 6.17-36). Mas estamos falando do mesmo sermão.

Resolvi dividir esse nosso pequeno estudo em duas partes. Hoje, farremos um pequeno resumo para podermos entender melhor esta poderosa mensagem de Jesus. Em outra oportunidade, falaremos sobre as Bem-Aventuranças.

E Jesus, vendo a multidão, subiu a um monte, e, assentando-se, aproximaram-se dele os seus discípulos;

E, abrindo a sua boca, os ensinava, dizendo:

Bem-aventurados os pobres de espírito, porque deles é o reino dos céus;

Bem-aventurados os que choram, porque eles serão consolados;

Bem-aventurados os mansos, porque eles herdarão a terra;

Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça, porque eles serão fartos;

Bem-aventurados os misericordiosos, porque eles alcançarão misericórdia;

Bem-aventurados os limpos de coração, porque eles verão a Deus;

Bem-aventurados os pacificadores, porque eles serão chamados filhos de Deus;

Bem-aventurados os que sofrem perseguição por causa da justiça, porque deles é o reino dos céus;

Bem-aventurados sois vós, quando vos injuriarem e perseguirem e, mentindo, disserem todo o mal contra vós por minha causa.

Exultai e alegrai-vos, porque é grande o vosso galardão nos céus; porque assim perseguiram os profetas que foram antes de vós.

Mateus 5. 1-12

Jesus se apresenta no Sermão da Montanha

Jesus se revela de uma forma mais clara no Sermão da Montanha. Cada Evangelho apresenta Jesus sob uma ótica. É claro que é o mesmo Jesus, porém visto de 4 perspectivas diferentes.

E o Evangelho de Mateus apresenta Jesus como o Rei, o Messias esperado pelos judeus (e por todos nós também). E este Rei está, neste momento, fazendo um grande discurso aos seus súditos. Uma espécie de manifesto.

Na verdade, a pregação de Jesus era inigualável. Todos os pregadores recebem a Palavra em seu coração e a transmitem aos ouvintes. Mas Jesus era um pregador totalmente diferenciado: Ele é a própria Palavra.

Eu fico imaginando o quão impressionados esses ouvintes ficaram ao ouvir a Pregação de Jesus. Jesus prega sobre Ele mesmo porque Ele é a própria Palavra. 

Jesus apresenta o reino no Sermão da Montanha

Como Rei, Jesus fala sobre que tipo de Reino Ele veio implantar na terra. A sua missão era religar o elo perdido com a humanidade (se você não sabe, a palavra religião vem do latim religare – daí você já entendeu porque Jesus é a verdadeira religião).

Ele veio para estabelecer na terra o Reino dos céus. Isso parece óbvio para nós hoje – que o Reino de Deus é espiritual. Mas as pessoas procuravam um Jesus que viesse a montar em um cavalo branco e liderar Israel rumo à vitória sobre os invasores romanos.

Jesus era totalmente diferente disso. O Reino que Ele veio implantar é um Reino Celestial, o Reino dos céus. Esse Reino nada tem a ver com os reinos da terra.

E por que este Reino é tão diferente dos reinos da terra? Porque este Reino tem a lógica invertida. Como assim? Nos reinos da terra, os grandes são servidos pelos pequenos; os ricos são os que têm mais; os exaltados humilham os demais.

Mas no Reino dos Céus, o menor é o maior, os grandes são os que servem, os que a si mesmo se humilham diante de Deus é que são exaltados por Ele, o rico é pobre e o pobre é rico. É um Reino de ponta a cabeça.

A lógica do Reino é totalmente diferente. E graças a Deus por isso! Essa é a Cultura do Reino, é uma contracultura cristã. Hoje, principalmente por vermos os sinais do fim dos tempos, vemos uma ética e moral completamente contrárias ao que Deus quer.

As pessoas aplaudem a desonestidade, a mentira, o egoísmo, o engano. Mas Jesus nos orienta a vivermos na contramão deste mundo tenebroso. Que Ele nos ajude a cumprir esta tão árdua tarefa.

Jesus ressignifica a Lei no Sermão da Montanha

Jesus também esclarece uma dúvida que muitas pessoas tinham naquele momento: Ele queria destruir a lei?

O fato é que Jesus não veio para destruir a Lei, Ele veio para cumprir a Lei. Toda a Lei e toda a Bíblia convergem para a pessoa de Jesus. Nada faria sentido se Ele não viesse. Portanto, Jesus está cumprindo a Lei.

A Lei afirmava que a alma que pecasse, teria que morrer (Ezequiel 18.20). Para que a pessoa não morresse, um cordeiro deveria ser sacrificado pelo seu pecado. Jesus cumpriu essa exigência, pois Ele é o Cordeiro que morreu por nós, de uma vez por todas. Além disso, Jesus cumpriu todos os aspectos da Lei, tanto moral quanto cerimonial.

Mas Jesus fala sobre a Lei de uma forma diferente. Ele ressignifica a Lei. Muitas pessoas acham que, por estarmos nos tempos da Graça, tudo é mais fácil. E isso não é verdade, o Evangelho que Jesus pregou não era fácil e nunca será. É fácil amar os seus inimigos? É fácil renunciar às suas próprias vontades? Certamente não. 

Jesus revela as credenciais dos súditos do Reino no Sermão da Montanha

Muitas pessoas crêem em um Evangelho inclusivo. E isso de fato é verdadeiro, mas incompleto. O Reino dos céus é um Reino que inclui, mas também que seleciona.

Em vários ensinos de Jesus nós veremos essa ideia de que muitos são chamados, mas poucos os escolhidos.E Jesus vai enumerar as características dessas pessoas que Ele quer em seu Reino, dos seus escolhidos:

  • Os pobres de espírito
  • Os mansos e humildes
  • Os que choram
  • Os famintos por justiça 
  • Os pacificadores
  • Os misericordiosos
  • Os perseguidos por causa do Seu nome

É interessante observar que não são 7 ou 8 categorias de pessoas: essas características são do mesmo grupo. Sim, os seguidores do Reino têm todas essas características

Jesus vai contrapor as características dos seus discípulos às dos que não os seguem, em especial aos escribas e fariseus. Eles estavam presentes na plateia deste sermão, mas na condição de acusadores e perseguidores. E são pesadamente censurados por Jesus, como modelo a não ser seguido.

Devemos tomar todo o cuidado para não sermos como eles, hipócritas, pois se orgulhavam de conhecerem a Palavra, mas na verdade não a praticavam. O conhecimento sem prática é nulo para Jesus. Que possamos praticar todos esses ensinamentos de Jesus. Que Ele ache em nós seus seguidores e discípulos

Conclusão

John Stott, em seu livro A Contracultura Cristã – que você pode comprar com este nosso link afiliado – nos afirma que este ensino de Jesus é o mais conhecido, mas provavelmente é o menos compreendido e certamente o menos obedecido.

É um discurso de Jesus que não faz sentido para a nossa cultura terrena, egoísta e contrária à vontade de Deus.

Esse sermão possui cerca de 2000 anos, mas sua mensagem continua atual e deve mover as nossas vidas. A cultura do discípulo não deve ser corrompida pela cultura deste século. Que possamos viver a contracultura do Céu.

O Sermão da Montanha é, na minha opinião, a essência do Evangelho. Se não compreendermos e, mais ainda, se não o aplicarmos em nossas vidas, não temos condições de sermos eleitos para este Reino celestial.

Minha oração hoje é para que Deus ilumine as nossas mentes, de forma que possamos compreender melhor a essência do Evangelho e, mais do que isso, cumprir todos os requisitos que Ele estabeleceu para o Seu Reino. Que Deus nos abençoe.

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